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CHÃO DA FEIRA DA MARRETA VIRA EXPOSIÇÃO NA VILA CULTURAL CORA CORALINA

Exposição “Orfanato Pictórico”, com curadoria de Paulo Duarte-Feitoza, reúne mais de 150
pinturas e objetos resgatados por Glauco Gonçalves em três anos de garimpo na tradicional
feira popular de Goiânia

A partir de 24 de junho, a Vila Cultural Cora Coralina recebe a exposição Orfanato Pictórico,
uma instalação composta por mais de 150 pinturas e objetos coletados pelo artista Glauco
Gonçalves ao longo de três anos de visitas à Feira da Marreta, em Goiânia. Com curadoria de
Paulo Duarte-Feitoza, a mostra propõe uma reflexão poética e crítica sobre os afetos que
habitam o cotidiano e os circuitos invisíveis do descarte.
Criada há mais de três décadas por um grupo de nordestinos na Vila Nova, a Feira da Marreta é
um dos mercados populares mais emblemáticos da capital goiana. Conhecida por sua
diversidade inusitada, que vai de ferramentas a dentaduras usadas, a feira abriga também
quadros, molduras, imagens devocionais e objetos que, abandonados por suas funções
originais, reaparecem como sobras visuais da vida doméstica. É nesse cenário de sobras e
sobrevivência que se desenrola a ação artística de Glauco Gonçalves, todos os domingos, faça
sol ou chuva.
“Glauco atua como um artista-marchand às avessas: não negocia valores simbólicos atribuídos
à arte consagrada, mas reinventa o valor do que foi rejeitado”, afirma o curador. A exposição
não apenas mostra os achados, mas os reinscreve no espaço expositivo como um gesto de
cuidado, organização e escuta. O que antes repousava no chão da feira agora retorna às
paredes da galeria como parte de uma instalação que reativa o olhar para aquilo que o
costume invisibiliza.
A montagem da exposição revela núcleos recorrentes como pinturas infantis, abstrações,
bordados e frases motivacionais, fragmentos de uma sensibilidade coletiva, muitas vezes
anônima, desvalorizada e silenciada. “Estamos diante de um orfanato de imagens: obras órfãs
de nome, função ou pertencimento, mas ainda cheias de significado. A exposição nos obriga a
perguntar: o que é considerado arte? O que merece permanecer visível? O que merece ser
exposto? Orfanato pictórico se configura como uma instalação crítica sobre a sociedade do
consumo, os afetos do cotidiano e o apagamento simbólico que atinge sobretudo imagens da
infância e da domesticidade.”, pontua Duarte-Feitoza.
A exposição abre na terça 24 de junho às 19h e segue em cartaz até 20 de julho, com entrada
gratuita.
SERVIÇO
Exposição “Orfanato Pictórico”

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